sexta-feira, 31 de julho de 2009

E o Cuco morreu

Findos dois infinitos meses...

Intensos, ardentes, valseantes,
Fulgurantes, estonteantes,
Loucamente promitentes.
E eu, muito embora, por ora,
Nesta hora, e agora,
Sem mais motivos para comemorar sequer instante.

Foi aniversário pelo inequívoco decorrer do tempo
Infeliz, talvez, por mera causa e conseqüência.
Ao final, percebi que, no meio do caminho,
Tinha, sim, uma pedra.


Quis amar e não tive medo.
Entreguei-me de corpo e alma à paixão.
Para o anverso dos meus versos, carícias, ternuras com prazo certo:
Esperando o tempo passar...
Um sentimento nonsense me questiona
Não
lhe fui suficiente,
Me lacuna a capacidade de conquistar,
Ou é-lhe a incerteza dos desejos e das circunstâncias
Sua pedra no caminho?
Se não é nada disso,

Tenho por desfecho, a conclusão por sua desatenção
Não aprendeu a lição que seu grande Mestre, por unção,
Um dia lhe disse:
- Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar?

O Senhor Tempo que, comigo, andava

Já não me permite dar sinal de Tic-Tac.
Foi o Cuco que morreu de solidão.

No exaspero de acertar pelos cuidados
Pequei - confesso - pelo excesso.
Valei-me, Deus, por que depois de tão zelado
Sobrevém um pedido amargo
Assuntando recesso?

Calei-me. Emudeci. Desativei-me.

No afã do desespero,
Incrédula e cega pela indiferença,
E, ainda, ferida pela inconstância,
Chorei de dor.

Refém da distância,
Não quis crer no derradeiro contato:
De Amantes para reles Amigos,
Com pitada de risos...
Diamante que voltou a Carbono-pó.

Memórias me ensurdeceram.
Quis bradar para vagarem por outros rumos,
Mas, em obséquio ao meu coração,
Arrebataram meus pensamentos e usucapiram meu corpo insano.

Mal-disse Drummond, que fala de amor
Mal-disse o vestido no prego, que me leva ao perdão incondicionado
Mal-disse o mar que não me traz calmaria
Mal-disse João, Maria, J. Pinto Fernandes e, principalmente, o tal do José
Mal-disse Minas, por nada me dizer
Mas concordei que, dali em diante, seria gauche na vida.



2 comentários:

  1. Nossa, Pat!

    Poema cheio de referências... Ei, na postagem anterior você disse que detestava poesia!
    Não entendo, mas posso dizer que "Diamante que voltou a Carbono-pó." cintila no Reino da Poesia - que achado!

    Beijo, minha filha!

    - Pimenta

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  2. Obrigada, meu querido Mestre!

    Digamos que Drummond "me deu uma mãozinha"!

    E... Em tempo, reafirmo: gosto muitíssimo de poesia - principalmente se, a despeito de suas exigentes formas, existe a total liberdade para o coração falar.

    Beijãozão.

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