quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Reza braba. Braba rezo.






De Daruma, pintei um olho só
Fiz macumba, mandinga e até figa
Roguei à Santa que traga sem dó
Rosas que me lavem fatal estigma

Fitas do Senhor do Bonfim me atei
Carreguei patuá, trevo de quatro,
Novena, Terços, Credo em Cruz rezei
Retrato, cosi em boca de sapo

Anjo da Guarda não me fez plantão
Perquiri São José com três pedidos
A Sant' Antonio, pedi. Foi em vão

Nossa Senhora fez moucos ouvidos
À minha prece ninguém deu razão
Solidão ri. Escárnios doloridos.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Vrrrruuuuummmm...





Dias atrás, meu Doutor prolatou:
"Nada mais motivador que um 'amor zero quilômetro'!"
Mais que depressa, aprumei minha lataria, dei uma garibada no interior,
Verifiquei todos os fluidos, lubrifiquei o pistão, passei-me um martelinho de ouro,
Cheirinho no retrovisor, apertei meus parafusos,
Esquentei meu motor, engraxei-me para fazer graça,
Aferi minha quilometragem, soltei o freio
E, de arrancada, larguei meu mais lindo e convidativo sorriso, anunciando, no silencioso:
"Semi-nova, imperdível e, somente pra você, dispenso minha licitação!"


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Xô, Fôlego!





"Life is not the amount of breaths you take. It's the moments that take your breath away." (em Hitch, de Andy Tennant, 2005)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Tanta mudança confunde mesmo!



Certa vez, ouvi alguém dizer que daria uma "guinada de 360 graus" na vida e tudo mudaria.
- "Nada como uma voltinha para se sentir renovado!" - Pensei.


domingo, 9 de agosto de 2009

Um vagueio



Com carinho, ao grande Mestre que "ah-pimenta"! (risos)




Em noite de burburinho bailou-se

sob luzes, câmeras e ao som de bossa

ousadia que ao ziguezague entregou-se

sem medo, razão e sequer resposta.



Tempo de folha ao vento já fulgura

desistir de buscar antiga aurora

mudança de rota sem rumo. Agrura.

Dos confins do nada, por que aflora?



Zéfiro carregue o que vai ao céu

Bendiga às alturas, teça um cordel

encontre as folhas perdidas aqui.



Na casualidade, foge ao compasso

de fim certeiro sopra um sopro lasso

salva a folha do espeto do gari.


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Restart



Não sou das maiores apreciadoras da escrita de Paulo Coelho, nem o considero tão "Mago" dos romances quanto os que o selecionaram para ocupar uma das cadeiras da Academia Brasileira de Letras, mas o texto, que abaixo segue, tem sua dose de alquimia. Trata, com muita precisão, de uma Lei que se aplica a todas as esferas de nossas vidas e que, inevitavelmente, nos afeta.

Cabe-nos intronizar tais ditos e saber quando e como aplicá-los. É necessário "racionalizar", ou seja, despertar, no coração, a consciência. Isso não significa "macular o sentir" - pois contradiria o "viver intensamente", situação para a qual levanto minha bandeira -, mas é direcionar os olhos do coração rumo àquilo que acreditamos valer a pena. Por mais que julguemos ser uma missão impossível, decidir o que será digno de nossos esforços é o primeiro sinal da madureza no sentir. Como diria o mesmo Drummond que, um dia, impetuosamente, praguejei: "A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional"... O caminho é doloroso, requer muita determinação, mas sempre vale pela conquista da liberdade para novas escolhas. A esta vitória, atribuo o nome "restart".


Só e tão somente assim, é possível oportunizar-se e, com isso, perceber que o melhor estaria por vir...


"ENCERRANDO CICLOS

(por Paulo Coelho)



Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.

Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.

Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.

Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.

Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Despreender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto, às vezes ganhamos, e, às vezes, perdemos.

Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".

Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.

Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.

Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.

Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é."

segunda-feira, 3 de agosto de 2009